Larga o Dumbo

-Larga o Dumbo, essa merda faz mal!
-Estás ai?
-Eiii...Não percebo…
parece que estou a escrever bué rápido,
mas só ainda escrevi 4 frases de merda
-Lindo mais uma.
…quase que já se parece uma conversa e ao mesmo tempo estou a mandar sms.
-Pareço estar conectado às teclas. Outra cena que também me parece estranha, é, não estar a entrar em conflito com a minha disleccia.
-Lindo falhei no nome da doença, padeço mesmo dela.
-Ainda à bocado notei no pouco texto...de ser curto. Agora sinto-me um escritor.
-Não melhor, um pianista.
-Estou a apreciar o som das teclas.
-Não consigo mexer mais nenhuma parte do corpo, só os meus dedos é que se mexem, e estão a morrer.
foraãoão ão ãoooo
-Repara, é como se a minha doença estivesse a ganhar terrenioo…, pelo menos a mim parç…porra estalou uma cena atrás de mim, dói-me a coluna. Tenho de sair daqui, tenho de comer.
-Parou tudo, achava eu. As mãos continuam coladas nesta bela música de teclas, que agora acelera uma melodia espampanante, como se fosse o ponto alto de um grande pianista. Dentro de um grande teatro…
….em que o som ecoa nas paredes e se expande e ganha volume de uma forma gigante, será que irei continuar a escrever toda esta frase sem carregar no enter. Tal como mandariam as regras cibernéticas deste futuro. Arranjo assim forma de não parar de escrever nesta fabulosa linha, sem parar, irei continuar (será que ela pára por si só). Serei eu impedido pelo excesso de informação contido num único espaço?
-Eu acredito que simmmmmmmmmmmm
-Carreguei no enter sem ter reparado…
…foi um automatismo comum em mim.
-De repente tudo ficou mais calmo á minha volta e silencioso.
-Já pouca coisa me parece estranha ou futurista.
…rrighjkbmcoh
-O som atingiu a ideia de palavras…choque.